segunda-feira, janeiro 22, 2007

JEC

Sonhos de infância, são sonhos de infância. E é lá que, até ontem, eu acreditava que eles deveriam ficar: na infância. Porque realizá-los, ou ao menos pensar em como seria se eles se tornassem realidade, pode ser frustrante.
Lembro que eu queria fazer pedagogia e dar aula para a criançada. Alguém me imagina fazendo isso hoje? Eu certamente levaria cerveja no lanchinho e cantaríamos Beatles no lugar de atirei o pau no gato. Ouviríamos Doors na hora do soninho e discutiríamos os três tipos puros de dominação legítima, de Weber e também o discurso da servidão voluntária, de Boétie (ambos heranças de um tal Inhof). Hora da historinha? Fernando Pessoa e Manoel de Barros pra garotada! Filminho? Curtindo a vida adoidado, pra relaxar e incentivar a criatividade. Ok, eu admito que, tirando os meus amigos insanos, ninguém mais permitiria seus filhos como educandos meus, infelizmente.
E se eu fosse taxista? Entraria na contra-mão da beira rio, viraria para a direita achando que é esquerda. Um verdadeiro caos. E se eu fosse cozinheira? Meu miojo com molho de tomate (pronto) estaria entre as melhores receitas do mundo (claro que os jurados deveriam estar bêbados e com muita fome na hora da votação). Eu poderia ser igual ao Indiana Jones, mas eu não estaria viva e nem com joelhos pra contar a história.
Mas ontem, após anos de expectativas, realizei um sonho de infância: entrar em um estádio de futebol. E mais: ver um jogo de futebol! E mais ainda: ver um jogo de futebol do JEC!
Quem nasceu em Joinville lembra do “bingão do JEC”, que acontecia no Ernestão. Eu já fui no bingão do JEC, mas sempre chegávamos perto do horário e nem entravamos no estádio, ficávamos sentados do lado de fora mesmo. Uma bosta. E para aumentar minha frustração devo lembrar que cresci em um berço machista, onde ver jogo de futebol não era programa para meninas e, portanto, meus tios só levavam meus primos para os jogos. Meu padrinho prometeu me levar uma vez, mas desisti de cobrar. Meu avô prometeu, mas não teve tempo para cumprir. Meu pai dizia não gostar de estádios. E meu irmão não se deu ao trabalho de fazer nenhum comentário, mas eu entendi que ele não me levaria.
E desde esses tempos remotos que eu sonho em entrar em um estádio, principalmente para ver um jogo do JEC. E ontem eu fui. E o melhor (ou pior) é que gostei, eu realmente e sinceramente gostei. Gostei dos torcedores empolgados, de xingar o juiz, de roer as unhas, de amar o JEC quando estava 2x0, de odiar quando ficou 2x2, de amar novamente quando, finalmente, fez 4x2, de tomar banho de cerveja na hora do gol, gostei, gostei e gostei. E eu não sei mais se lugar de sonho de infância é na infância, porque eu só consigo pensar uma coisa agora: Uh tricolor! Uh tricolor! Joinville eôôô! Joinville eôôô!

3 Comments:

At 6:01 PM, Anonymous Anônimo said...

eu li viu sua bruaca?
chatinha.
acho que pedagoga vc pode ser, agora taxista deus me livrem ainda mais daquelas que pegam a contra-mão!!
chatinha.

beeeeejosssss

 
At 12:57 PM, Anonymous Anônimo said...

Uh, jogos de futebol, jogos do jec.
há tempos não vou aos Estádio, posso ser tratado como um "guerreiro" pq ia ao estádio nas temporadas de tristeza do futebol "jequeano", entre os anos de 1992 a 1997, ou seja, somente derrotas e mais derrotas.
...
Nesse dia que vc foi ao Estádio, o Marco ficou de me ligar e ir com ele. Infelzimente não recebi nenhuma ligação.
nesse caso; sonhos de adultos deveriam receber uma mutação e ir diretamente para infância
é isso.

 
At 2:03 PM, Anonymous Anônimo said...

muito bom texto! serio...



mas tu vai o q é emoção qdo a gente for em curitiba, na arena, do lado da fanáticos! :D:D:D:D:D

 

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